O que é Fissura Anal? Sintomas e tratamentos

A fissura anal é uma ferida ovalada com aspecto de um corte que se inicia na borda do ânus e segue pelo canal. O tamanho dela pode variar de poucos milímetros, como 3mm, até 3 a 4 cm.

Em geral, a localização mais comum é na parte posterior da borda anal, em direção ao cóccix. Nesse texto, você vai acompanhar tudo sobre esse problema. Acompanhe e entenda mais.

Em geral, a localização mais comum é na parte posterior da borda anal, em direção ao cóccix. Nesse texto, você vai acompanhar tudo sobre esse problema. Acompanhe e entenda mais.

Por que este problema pode doer tanto?

A resposta é simples: é que o ânus, assim como a boca, é uma região muito inervada, ou seja, é altamente sensível. Sendo assim, dor, temperatura, tração e tato, mesmo com cortes pequenos, podem causar muito desconforto na região.

A fissura anal é uma doença mais comum do que se imagina. Estima-se que 10% da população já tenha apresentado essa condição em algum momento da vida. No entanto, acredita-se que grande parte dos portadores de fissura anal demora meses, ou anos, para procurar atendimento médico especializado.

Mas isso é extremamente perigoso, pois pode causar o agravamento do quadro. A incidência é semelhante em ambos os sexos e tende a ocorrer mais em pessoas jovens do que idosos.

Quais doenças podem simular uma fissura anal ou confundir o diagnóstico?

A fissura anal pode se apresentar em localizações atípicas. Além disso, múltiplas fissuras podem ser identificadas durante o exame proctológico. Sendo assim, o acompanhamento médico é essencial para entender o problema.

Então, é preciso avaliar a possibilidade de outras enfermidades, como a Doença de Crohn. Outros casos podem incluir trauma por corpo estranho, tuberculose, sífilis, HIV e carcinoma anal (câncer anal).

Figura 1: Ilustração de fissura anal.

Quais as causas da fissura anal?

Na maioria dos casos, a fissura anal se inicia após um traumatismo no ânus, geralmente causado por fezes duras ou grossas. Assim, elas necessitam de grande esforço durante a evacuação. Isso acaba machucando a borda anal, provando uma lesão inicial no canal anal que caracteriza uma fissura anal aguda.

A diarreia também pode estar associada com o início da fissura anal devido às várias evacuações. É que isso causa um atrito local frequente, principalmente se o quadro diarreico for crônico. O mesmo acontece com a constipação intestinal que pode causar problemas pela dificuldade da saída das fezes. 

O sexo anal com pouca lubrificação ou com utilização de objetos também é uma causa frequente de fissura anal. Portanto, é preciso ter atenção, mesmo nesses casos.

E por que ela não cicatriza?

Na verdade, a grande maioria dos casos de fissura anal se resolvem somente com cuidados locais. No entanto, existem pacientes que possuem um tônus do músculo do esfíncter muito forte.

Isso faz com que a contração do ânus diminua o fluxo sanguíneo local e dificulta a cicatrização. Porém, isso ocorre em casos de fissura anal aguda, desencadeando o processo de formação da fissura anal crônica.

A localização mais comum dessa enfermidade é a borda posterior do canal anal. Em teoria, essa seria a área com menos suprimento sanguíneo do canal anal. Asssim, é a região com pior cicatrização em pacientes com hipertonia do esfíncter anal interno.

Quando os sintomas se prolongam por mais de 8 ou 12 semanas, a fissura normalmente demonstra aspectos de cronicidade. Isso inclui evidência de ulceração com bordas grossas/espessas e plicomas anais (excesso de pele) na margem distal da fissura.

Como ela se classifica?

Trauma local: o processo de formação da fissura se daria em consequência de um traumatismo na região anorretal. Essas situações representam mais de 90% dos casos, podendo ser aguda ou crônica.

Outras doenças: são feridas secundárias a outras doenças como: Doença de Crohn, Tuberculose, Sífilis, Carcinoma, Herpes simples, HIV/AIDS e doenças dermatológicas do anoderma.

Agudas: geralmente, são fissuras pequenas, com fundo raso e bordas finas, causadas por atrito local. Os principais sintomas encontrados são sangramento e dor durante as evacuações. A dor pode persistir por algumas horas após as evacuações e faz com que muitos pacientes evitem evacuar para não ter dor.

Dessa forma, isso acaba deixando as fezes mais duras na próxima evacuação, o que cria um ciclo vicioso. O sangramento retal é em geral vermelho vivo durante a higiene anal após evacuação.

Crônicas: as fissuras crônicas se apresentam mais profundas que a fissura aguda, com as bordas mais elevadas e endurecidas. Isso devido à fibrose do processo inflamatório crônico local.

Além disso, os casos crônicos apresentam a tríade da fissura anal, plicoma anal sentinela (externa) e papilite hipertrófica (interna). Neles, a dor é menos intensa e o sangramento menos frequente que a fissura anal aguda. Em geral, tem evolução de mais de oito semanas.

 

Figura 2: Foto de fissura anal crônica, demonstrando ulceração profunda com paredes espessas.

Quais são os sintomas?

A principal característica do quadro clínico é a dor anal intensa, causada pela passagem de fezes através do ânus durante ou após a evacuação. Geralmente, os pacientes descrevem como se estivesse evacuando com a sensação de estar cortando o ânus.

Essa dor pode persistir por minutos ou horas, inclusive com sensação de dor latejante. Ela vai diminuindo gradativamente de intensidade à medida que o tempo passa.

Outro frequente sintoma deste problema é o sangramento vivo em pequena quantidade que pode sujar a roupa íntima. Além disso, pode ser notado no papel higiênico durante a limpeza anal.

Os pacientes portadores dessa enfermidade também podem sentir uma sensação de endurecimento da região dolorosa. Por fim, também pode ocorrer um excesso de pele local, que é o plicoma anal.

Qual o tratamento clínico?

Agora que você já sabe mais sobre a fissura anal e suas causas, é hora de entender como tratá-la. Primeiramente, algumas medidas gerais auxiliam nesse tratamento. A primeira delas são os banhos de assento com água morna.

Além disso, é preciso cuidar da higiene local, sem o uso de papel higiênico, durante esses banhos. Por fim, medidas dietéticas também facilitam, por formarem fezes menos duras. É preciso ingerir mais fibras e água. Entenda mais abaixo. 

Tratamento da Fissura Anal Aguda

Além das medidas gerais de higiene e melhora da consistência das fezes, podem ser utilizadas pomadas ou cremes. Eles podem ser a base de anestésicos locais (lidocaína, prilocaína e cinchocaína).

Em geral, também podem ser utilizados corticoides (hidrocortisona e dexametasona). Além disso, é comum o uso das substâncias cicatrizantes (óxido de zinco, hamamelis, subgalato de bismuto e azuleno).

‍Tratamento Clínico da Fissura Anal crônica

‍O tratamento desta doença crônica tem como princípio o relaxamento do esfíncter anal. Isso tendo em vista que o tônus aumentado do esfíncter anal é o fator de perpetuação da fissura crônica.

Ele acaba por criar uma área com menor vascularização e, consequentemente, pior cicatrização. Além disso, existem as medidas de suporte, que ocorrem principalmente pela correção do intestino preso.

‍Esfincterotomia química

Medicamentos que diminuem temporariamente o tônus esfincteriano são uma alternativa eficiente à cirurgia para o tratamento dessa enfermidade. São utilizados em forma de pomadas ou cremes e injetáveis, tendo como objetivo reduzir a pressão anal até a fissura ter tempo para cicatrizar.

‍Nitratos tópicos

O principal medicamento dessa classe é o dinitrato de isossorbida. Ele apresenta bons resultados, mas pode trazer reações adversas, como enxaqueca e queda da pressão arterial. Sendo assim, o uso pode não ser indicado, de acordo com o médico.

Existem também os Bloqueadores do Canal de Cálcio. Entre os mais utilizados estão o diltiazem e a nifedipina, com resultados semelhantes aos nitratos.

Toxina Botulínica – Botox®

A toxina botulínica é uma neurotoxina que inibe a liberação local do neurotransmissor acetilcolina, interrompendo temporariamente a transmissão neuromuscular. Isso provoca uma paralisia temporária da musculatura esfincteriana, criando a “janela” de tempo necessária para a fissura conseguir cicatrizar.

As injeções de Botox são facilmente aplicadas no consultório ou centro cirúrgico sob sedação. Geralmente, são bem toleradas e têm bom resultado. Clique aqui e saiba mais sobre o uso de Botox no tratamento de fissura anal crônica.

Tratamento Cirúrgico

Além do tratamento clínico, é possível que o caso exija o tratamento cirúrgico. Isso ocorre quando o caso é de fissura crônica. Confira abaixo quais são as opções de tratamento cirúrgico para essas ocasiões.

Esfincterotomia lateral interna

Um dos tratamentos mais utilizados para a forma hipertônica da fissura anal é a esfincterotomia parcial do músculo esfíncter interno do ânus. A esfincterotomia lateral interna é o corte de aproximadamente 30% do esfíncter interno do ânus.

Essa forma de tratamento apresenta baixos índices de recidiva. No entanto, é um método invasivo que diminui a massa muscular do esfíncter. Dessa forma, é utilizada apenas nos casos mais severos de fissura anal crônica.

Retalho de avanço endonal

Os retalhos de mucosa e de pele de avanço são os procedimentos chamados de preservadores do esfíncter. Em resumo, é uma “plástica”, ou anoplastia. Nela, se descola um tecido saudável e bem vascularizado e utiliza-o para cobrir a região da fissura e promover a completa cicatrização.

São vantagens desta técnica as altas taxas de cicatrização, baixos índices de complicações e de recidiva e completa preservação da função esfincteriana. Mas, é uma técnica mais complexa que necessita de treinamento adequado e experiência para ser executada com êxito. As indicações são:

  • Fissura anal crônica sem hipertonia esfincteriana;
  • Pacientes com incontinência anal prévia;
  • Pacientes com alto risco de incontinência fecal pós-operatória (mulheres multíparas, idosos);
  • Fissura anal crônica recidivada após esfincterotomia anal.

O tratamento deste problema deve ser conduzido por especialista para evitar progressão da doença e aumentar a taxa de sucesso. Sendo assim, se for o caso, procure auxílio profissional médico para o melhor tratamento.

Como tratar este problema?

O tratamento com medicamentos têm alta taxa de cicatrização dessa enfermidade, superior a 80%. Mas, quando não houver melhora após tratamento adequado, devem ser avaliadas opções para tratamento cirúrgico. É essencial que um médico preparado observe todos os casos clínicos antes dessa escolha para entender se a saúde geral do paciente está em dia. 

Quando procurar um coloproctologista, certifique-se que o profissional escolhido tenha o título de especialista emitido pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia. Dessa forma, o seu caso será tratado com profissionais capacitados. Vale lembrar que o melhor a fazer é prevenir fissuras anais antes que se torne um problema.

Referências:

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