Este texto foi escrito pensando em você que está se preparando para a cirurgia de retirada da vesícula biliar. Esse procedimento recebe o nome técnico de colecistectomia.
Quando recebemos a indicação médica de uma cirurgia passamos por anseios, medos e expectativas. Pensando nisso, acredito que entendendo melhor o procedimento e os cuidados pré e pós-operatórios, seja mais fácil de ajudar a aliviar essas emoções.
Primeiro vamos entender por que a cirurgia de colecistectomia é necessária.
O motivo mais comum é o diagnostico de cálculo biliar, ou seja, de pedras na vesícula. Pode ser um cálculo único ou múltiplos, identificados em exames de imagem.
Essa cirurgia pode ser, também, indicada quando é verificada a presença de pólipos e/ ou alterações nesse órgão que sejam suspeitos de câncer na vesícula.
Apesar de, na maioria das vezes, a colecistectomia ser feita de forma programada ou eletiva, também pode ser realizada em caráter de urgência. E isso principalmente quando há sintomas associados, como cólica e dor intensa.
É que esses sintomas podem ser sinal de inflamação e/ou infecção. Nesses casos, acaba sendo necessária a realização da cirurgia para prevenir complicações.
Antes da cirurgia de vesícula - ou qualquer outro tipo de cirurgia, são solicitados exames pré-operatórios. O objetivo é avaliar o estado geral de saúde do paciente.
Sendo assim, é preciso de uma boa investigação clínica por parte do seu médico. A ideia é buscar doenças associadas e que precisam estar compensadas para a realização da cirurgia de forma eletiva, como o diabetes e a hipertensão arterial.
Normalmente, os exames pré-operatórios consistem em exames de sangue e exames cardiológicos. Por vezes, exames de imagem complementares são requeridos.
Além disso, também é indicado que o paciente tenha uma alimentação mais leve nas duas semanas anteriores à cirurgia. É preciso reduzir consumo de alimentos inflamatórios e ultraprocessados. Também se deve o consumo de cigarro e de bebidas alcoólicas.
Todas as medicações de uso contínuo precisam ser avaliadas pelo seu médico. Isso porque existe a necessidade de suspensão de algumas medicações que podem alterar coagulação sanguínea ou esvaziamento gástrico, por exemplo.
No dia da cirurgia, o paciente realizará jejum de, no mínimo, 8 horas. Esse jejum é de importância crucial para evitar riscos com a anestesia geral a que o paciente será submetido para passar pelo procedimento.
Como você viu acima, é importante entender se a colecistomia é realmente importante, dependendo de cada caso. Por isso, o médico deve saber como proceder com cada paciente. Se necessária, a cirurgia pode ser feita de 2 formas:
Cirurgia por videolaparoscopia: é feita com 3 a 4 furos no abdome, por onde o médico passa o instrumental cirúrgico e uma pequena câmera para realizar a cirurgia com menor manipulação e menos cortes.
Essa é uma cirurgia de uma recuperação mais rápida, com menos dor e menores cicatrizes. Nesta técnica, injeta-se gás na barriga, para que o espaço para trabalhar a retirada da vesícula seja mais amplo e mais fácil de visualizar.
Figura 1.
Figura 1: Colecistectomia laparoscópica.
Cirurgia aberta (com corte) também conhecida como cirurgia aberta: É feita através de um corte maior no abdômen, para retirada da vesícula. Costuma ter uma recuperação mais demorada e deixa uma cicatriz maior e mais visível.
É pouco usada hoje em dia, pois os benefícios da laparoscopia superam muito a técnica aberta.
A principal vantagem da colecistomia por vídeo é a recuperação rápida do paciente. A maioria fica internada no hospital somente de 12 a 24 horas. Após esse prazo, podem retornar ao trabalho e realizar todas as atividades, que não necessitem erguer muito peso, em 1 a 2 semanas.
Como funciona o pós-operatório? Essa é uma etapa importante para quem faz colecistomia. Isso porque é necessário saber quais os cuidados e atenção necessária para que a recuperação seja mais rápida.
Muitas vezes o paciente consegue ir de alta hospitalar no mesmo dia da cirurgia, ou em até 24h.
Podem ocorrer episódios curtos e temporários, nas primeiras 24h.
Após acordar da anestesia, o paciente poderá sentir desconforto na região do abdome, que também pode irradiar para a região do ombro ou escápula. Isso pode facilmente ser resolvido com analgésicos e anti-inflamatórios de uso comum.
Uma vez de alta hospitalar, o paciente iniciará os seus cuidados em casa. É importante realizar pequenas caminhadas ao longo do dia, sem levantar peso ou fazer grandes esforços.
Apesar de não realizar grandes esforços, é necessário se movimentar. Isso porque a movimentação do corpo contribui com a sua recuperação evitando complicações.
Essas condições incluem a trombose venosa, além de complicações respiratórias, que podem surgir após a realização de cirurgias de um modo geral.
O regresso ao trabalho, assim como outras atividades do dia a dia, como dirigir ou fazer exercícios leves, só devem ser iniciados após 1 semana. Claro esse é o caso de cirurgia por laparoscopia.
Não é necessário grande modificação da dieta após a operação. Mas, o indicado para qualquer paciente que realiza procedimento cirúrgico é que tente evitar alimentos pró-inflamatórios e alimentos que causam gases e estufamentos nos primeiros dias.
A ideia de dieta liquida e pastosa com grandes restrições alimentares no pós-operatório de colecistectomia é mito.
Veja o vídeo abaixo.
IMPORTANTE:
A produção da bile pelo fígado continua normalmente após a retirada da vesícula. Não existe nenhuma sequela ou consequência para o organismo após a retirada da vesícula.
Um dos principais cuidados após a cirurgia é o cuidado com os cortes, que devem ser mantidos limpos e secos. Atualmente, após o fechamento dos cortes com pontos de fio cirúrgico, usamos cola cirúrgica como curativo.
Ela ajuda a impermeabilizar a incisão, diminui risco de infecção e facilita os cuidados com a região.
Seu médico fará recomendações de como proceder com a troca do curativo se for necessário. Além disso, ele trará o momento correto da retirada dos pontos, se for necessário.
É normal ficar um pouco inchado, vermelho ou roxo ao redor das incisões. Pode vazar um pouco de secreção serosa (líquido claro amarelado) principalmente ao redor da incisão da região umbilical.
Pode acontecer do ritmo intestinal ficar alterado nos primeiros 5 dias após a cirurgia. Nesses casos, indicamos uma dieta laxativa, mais rica em fibras. Se necessário, pode ser feito uso de laxativo temporariamente para resolução do quadro.
Os riscos da colecistomia são mínimos. No entanto os mais graves são a hemorragia ou a infecção que podem ocorrer em qualquer intervenção cirúrgica.
Desta forma, é aconselhado ir imediatamente ao pronto-socorro se surgir febre superior a 38ºC ou se a ferida operatória estiver com pus. Além disso, também vá se a pele e os olhos ficarem amarelos, ou se surgir falta de ar, vômitos ou dor intensa que não melhora com as medicações prescritas.
Espero que essas informações tragam conforto e segurança para seu preparo para cirurgia de retirada da vesícula.